A indicação do filme Ainda Estou Aqui ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional transformou-se em um fenômeno cultural no Brasil. Com quase quatro milhões de espectadores nos cinemas, a produção dirigida por Walter Salles não só conquistou reconhecimento internacional, mas também trouxe à tona discussões sobre a ditadura militar (1964-1985), um período historicamente marcado por repressão e impunidade.
O longa, estrelado por Fernanda Torres, acompanha a luta de Eunice Facciolla Paiva para esclarecer o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado pelas forças armadas em 1971. A narrativa do filme ressoou ainda mais diante das recentes investigações sobre supostas conspirações militares, ampliando o debate sobre memória e justiça no país.
A euforia em torno da indicação não se limita ao meio artístico. Figuras políticas, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, celebraram o feito como um marco para o cinema nacional e um momento de reflexão sobre o passado. A estudante Isabela Caetano, de 19 anos, expressou o sentimento coletivo: “Se ganharmos, vamos comemorar igual a uma Copa do Mundo.”
Mais do que um reconhecimento cinematográfico, Ainda Estou Aqui simboliza um passo importante na reavaliação da história brasileira, reforçando a importância de revisitar o passado para compreender o presente. Se vencer o Oscar, o filme não apenas entrará para a história do cinema nacional, mas também consolidará a necessidade de continuar discutindo as marcas deixadas pelo regime militar.